Antes de mais quero reafirmar que sei perfeitamente o período negro que o nosso país está a atravessar. Não sou cega nem surda aos problemas sociais e económicos que marcam o dia a dia português. No entanto, e desde que recomecei a trabalhar, apercebi-me, também, de como este estado das coisas serve de desculpa a muita coisa... Os que não têm emprego são assombrados com as fracas perspectivas de virem a arranjar um... Os que o têm são ameaçados com a precariedade do mesmo ou, no caso de, afortunadamente, se encontrarem efectivos, com a possibilidade do térmito do posto de trabalho.
Sou sincera... Não percebo de que forma estas atitudes, supostamente, alimentarão e fomentarão o bom desempenho nos trabalhadores. De que forma o receio e o temor são alimentos à excelência... Para mim não faz sentido! Se a ideia é fazer com que quem tem a sorte de estar empregado se dê conta da sua benção, atrevo-me a dizer que, vivendo em Portugal, lendo os jornais e vendo os noticiários, essa pessoa já sabe a sorte que tem... ainda que, da mesma maneira que os outros, tenha de contar os tostões até ao fim do mês, fazendo a ginástica do "estica o pilim", e corra o risco de ter de abdicar do carro e/ou da casa. Será necessário carregar-lhe ainda mais os ombros com o peso da incerteza do amanhã?
É que, talvez seja defeito pessoal, na minha perspectiva a única certeza é que não as há! Independentemente de crises, PREC's, FMI's, bancarrota nacional, empréstimos internacionais, etc etc etc
Os meus pais, efectivos à mais de 15 anos na mesma empresa, viram-se na negra situação de ficar os dois desempregados quando esta faliu, sem direito a indemnização e com uma filha pequena de 5 anos para cuidar... Talvez por isso, para mim, efectividade nunca foi sinónimo de segurança!
Agora... O que eu dispenso é que me queiram alimentar o engenho e a produtividade com ameaças veladas...
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