quinta-feira, 28 de abril de 2011

Revolução por um mundo de trabalho mais flexivel !


Revolução por um mundo de trabalho mais flexivel !

A sra do pbx, vulgo “mãe que capotou”, ergueu a voz e outras vozes se juntaram à sua…  Vozes femininas, de outras mães que, mesmo sem capotarem, se encontram na mesma viagem.  Os pais, até agora, permanecem calados, olhando em descrédito e com desconfiança para a revolução que as parceiras parecem teimar em fazer.
Eu ganho aqui a minha voz, e tento dar o meu contributo…
Sempre falei à boca cheia de como, se algum dia viesse a contribuir para a população mundial, queria ser mãe-trabalhadora.  Via-me, em todo o meu profissionalismo e competência, a equilibrar carreira, educação, brincadeiras e (sim, porque não?) me time na conta certa para ser eficiente em tudo (e, tal como a criança que diz querer ser astronauta, também eu vivia na inocente convicção de ser capaz de o fazer).  Depois engravidei…  Logo aos 4 meses e meio a semente que trazia e de que ainda não conhecia o género decidiu dar-me um “abre-olhos”…  “Ai julgas-te capaz de tudo?  Toma lá umas contracções e vai para casa durante uns tempos.”  Percebi, logo aí, que os meus planos eram como os PEC tão em moda: planificações a serem colocadas de parte, sucessivamente, sem fim à vista.
E, como se isto não fosse o suficiente para abalar a minha confiança, desde o momento que nasceu (apressado, sete semanas antes do previsto), o Alexandre parece ter roubado as outras crenças que tinha como imbatíveis.  A ideia de ser uma mãe desprendida, capaz de colocar limites, de impor regras, amiga mas não “amiguinha”…  tudo isso foi pelo ar assim que me dirigiu um sorriso que era só gengivas.  Conquistou-me e faz de mim o que quer (lamento dizê-lo!).
E isso leva-me ao mote da sra do pbx.  Ainda que não queira deixar de trabalhar por ter um pavor imenso de me estupidificar e perder a (pouca) capacidade racional que ainda me resta, a verdade é que, pensar que, com o meu horário de trabalho das 11h às 20h, só verei o Alexandre acordado umas 2 ou 3 horas por dia corta-me o coração!  Ainda não voltei ao trabalho (mais 2 semanas e meia e estou lá) e já me sinto incompleta, como se me tivessem cortado um membro sem direito a anestesia.  Sei que vou perder as primeiras palavras, os primeiros passinhos, todos esses primeiros que, para uma mãe de primeira viagem como eu, se tornam únicos.
Durante estes, quase, seis meses este pequeno ser que está agora sentado ao meu lado, na sua espreguiçadeira, deitou já por terra muitas das convicções e certezas que, ao longo dos meus 31 anos, reuni.  Tornou-se a parte mais importante de mim mesma e fez, inclusive, esquecer que durante 3 décadas houve uma existência sem ele…  Uma existência sem Felicidade (com maiúscula).  E é por isso que sei que, para mim, que, também eu, anseio por um horário laboral mais flexível.  Por achar que seria mais produtiva a trabalhar (trabalhar verdadeiramente, não apenas arrastar-me) durante 5 horas diárias do que passar o degredo de 8h a olhar para o relógio, tentando amedrontar os ponteiros a fazer, passo a expressão, uma corrida contra-relógio, de forma a sair o mais rápido possível e ir ter com o meu tesouro.  Acredito, piamente, que 5 horas de entrega total seriam muito mais produtivas que 8 horas que mais não serão que uma punição…

domingo, 24 de abril de 2011

Antes de Ser Mãe...

Antes de Ser Mãe...

Antes de ser Mãe pensava que o Amor era o sentimento designado para nos sentirmos bem... protegidos.
Agora sei que o Amor é, também, assustador... pois passamos a viver em alguém que vem de nós, mas não somos nós.
Antes de ser Mãe pensava que o meu valor se media em carreira, dinheiro no banco e número de amigos.
Agora sei que o meu valor se mede em sorrisos, carícias silenciosas e olhares ansiosos.
Antes de ser Mãe o Mundo era um lugar a descobrir, um Atlas a assinalar.
Agora o Mundo é uma Aventura, um Parque de Diversões em que cada dia traz uma nova descoberta num minúsculo grão de pó.
Antes de ser Mãe o Presente era a ansiedade e o Futuro a incerteza.
Agora o Presente é a alegria e o Futuro a descoberta.
Antes de ser Mãe, ser Mulher era a feminilidade, a sedução e a (aparente) fragilidade.
Agora ser Mulher é a protecção, o aconchego e a força assumida.
Antes de ser Mãe... não sabia o que ser.
Agora sei! Sou Eu! Sou feliz! Sou MÃE!!!

Sociedade de Consumo

Que vivemos numa sociedade de consumo todos sabemos...  mas a maioria de nós não se apercebe das jogadas de interesse, e políticas, por trás do incentivo ao consumo.  Nem nos apercebemos de como somos, diariamente, "programados" para gastar, gastar, gastar...  Contra mim falo!  Sou consumista e, ainda por cima, trabalho numa grande superfície.  Mas como uma pessoa instruída e conhecedora é uma pessoa com mais poder, aqui fica um pequeno documentário sobre o processo do consumo e do seu incentivo.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ideologias: Tantos "Dantas" que para aí há!!! - Parte II


E, para quem gostou do meu último post mas não tem paciência para ler todo o Manifesto...  ou não gosta de ler (o que torna ridícula a sua presença num blog)...  ou, apenas, para quem gosta de boa declamação, aqui fica o Manifesto, na voz esse Grande Senhor da comunicação que foi Mário Viegas.

Enjoy!

Parte I


Parte II



Ideologias: Tantos "Dantas" que para aí há!!!

Durante alguns anos (mais do que o bom senso e a inteligência pediam, mas menos do que o necessário para terminar a licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas), fui diariamente recebida, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pelos desenhos de José de Almada Negreiros.

O texto que se segue, emblemático, pungente e feroz, é “o” Texto de Almada Negreiros.  Quando, em 1915, foi publicada a revista “Orpheu”, o seu nascimento fez levantar vozes críticas que, ofendidas pelo Modernismo, Vanguarda e Novidade que esta trazia à arte em Portugal não pouparam apupos aos artistas que “ousaram” fugir aos cânones até aí permitidos.  Entre os seus críticos mais acérrimos estava Júlio Dantas, autor da peça de teatro “A Ceia dos Cardeais”.  Entre aqueles que procuravam uma nova abordagem à realidade artística estava José de Almada Negreiros.

Inteligentemente, Almada Negreiros fez da palavra uma arma, e disparou tiros certeiros contra a tradição conservadora e bolorenta de todos aqueles que não aceitaram a mudança…  aqui personificados na figura pública de Dantas!

Sei bem que já não temos revista de Orpheu, nem “Conferências do Casino” com a sua “Geração de 70”, nem mesmo, infelizmente, “A Lanterna Mágica” com o seu icónico Zé Povinho.  Mas temos, ainda, as palavras…  se ousarmos não nos calar!!!  Temos ainda a capacidade de pensar e criticar…  se o receio não nos subjugar os ideais.  Mas, para isso, temos de voltar a fazer uso em público da voz crítica, irónica e sarcástica que todos parecemos guardar para partilhar com amigos.  Neste momento, mais que uma necessidade, é um dever!  Porque, como nos grita Almada Negreiros “Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!”



Manifesto Anti-Dantas
Basta pum basta!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! Pim!
Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Dantas à proa é uma canoa em seco!
O Dantas é um cigano!
O Dantas é meio cigano!
O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
O Dantas pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!
O Dantas é um habilidoso!
O Dantas veste-se mal!
O Dantas usa ceroulas de malha!
O Dantas especula e inocula os concubinos!
O Dantas é Dantas!
O Dantas é Júlio!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas fez uma soror Mariana que tanto o podia ser como a soror Inês ou a Inês de Castro, ou a Leonor Teles, ou o Mestre d'Avis, ou a Dona Constança, ou a Nau Catrineta, ou a Maria Rapaz!
E o Dantas teve claque! E o Dantas teve palmas! E o Dantas agradeceu!
O Dantas é um ciganão!
Não é preciso ir pró Rossio pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!
Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta escrever como o Dantas! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Dantas!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!
O Dantas é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!
O Dantas é um soneto dele-próprio!
O Dantas em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.
O Dantas nu é horroroso!
O Dantas cheira mal da boca!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas é o escárnio da consciência!
Se o Dantas é português eu quero ser espanhol!
O Dantas é a vergonha da intelectualidade portuguesa!
O Dantas é a meta da decadência mental!
E ainda há quem não core quando diz admirar o Dantas!
E ainda há quem lhe estenda a mão!
E quem lhe lave a roupa!
E quem tenha dó do Dantas!
E ainda há quem duvide que o Dantas não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!
Vocês não sabem quem é a soror Mariana do Dantas? Eu vou-lhes contar:
A princípio, por cartazes, entrevistas e outras preparações com as quais nada temos que ver, pensei tratar-se de soror Mariana Alcoforado a pseudo autora daquelas cartas francesas que dois ilustres senhores desta terra não descansaram enquanto não estragaram pra português, quando subiu o pano também não fui capaz de distinguir porque era noite muito escura e só depois de meio acto é que descobri que era de madrugada porque o bispo de Beja disse que tinha estado à espera do nascer do Sol!
A Mariana vem descendo uma escada estreitíssima mas não vem só, traz também o Chamilly que eu não cheguei a ver, ouvindo apenas uma voz muito conhecida aqui na Brasileira do Chiado. Pouco depois o bispo de Beja é que me disse que ele trazia calções vermelhos.
A Mariana e o Chamilly estão sozinhos em cena, e às escuras, dando a entender perfeitamente que fizeram indecências no quarto. Depois o Chamilly, completamente satisfeito, despede-se e salta pela janela com grande mágoa da freira lacrimosa. E ainda hoje os turistas têm ocasião de observar as grades arrombadas da janela do quinto andar do Convento da Conceição de Beja na Rua do Touro, por onde se diz que fugiu o célebre capitão de cavalos em Paris e dentista em Lisboa.
A Mariana que é histérica começa de chorar desatinadamente nos braços da sua confidente e excelente pau de cabeleira soror Inês.
Vêm descendo pla dita estreitíssima escada, várias Marianas, todas iguais e de candeias acesas, menos uma que usa óculos e bengala e ainda toda curvada prá frente o que quer dizer que é abadessa.
E seria até uma excelente personificação das bruxas de Goya se quando falasse não tivesse aquela voz tão fresca e maviosa da Tia Felicidade da vizinha do lado. E reparando nos dois vultos interroga espaçadamente com cadência, austeridade e imensa falta de corda... Quem está aí?... E de candeias apagadas?
- Foi o vento, dizem as pobres inocentes varadas de terror... E a abadessa que só é velha nos óculos, na bengala e em andar curvada prá frente manda tocar a sineta que é um dó d'alma o ouvi-la assim tão debilitada. Vão todas pró coro, mas eis que, de repente, batem no portão e sem se anunciar nem limpar-se da poeira, sobe a escada e entra plo salão um bispo de Beja que quando era novo fez brejeirices com a menina do chocolate.
Agora completamente emendado revela à abadessa que sabe por cartas que há homens que vão às mulheres do convento e que ainda há pouco vira um de cavalos a saltar pla janela. A abadessa diz que efectivamente já há tempos que vinha dando pela falta de galinhas e tão inocentinha, coitada, que naqueles oitenta anos ainda não teve tempo pra descobrir a razão da humanidade estar dividida em homens e mulheres. Depois de sérios embaraços do bispo é que ela deu com o atrevimento e mandou chamar as duas freiras de há pouco com as candeias apagadas. Nesta altura esta peça policial toma uma pedaço d'interesse porque o bispo ora parece um polícia de investigação disfarçado em bispo, ora um bispo com a falta de delicadeza de um polícia d'investigação, e tão perspicaz que descobre em menos de meio minuto o que o público já está farto de saber - que a Mariana dormiu com o Noel. O pior é que a Mariana foi à serra com as indiscrições do bispo e desata a berrar, a berrar como quem se estava marimbando pra tudo aquilo. Esteve mesmo muito perto de se estrear com um par de murros na coroa do bispo no que se mostrou de um atrevimento, de uma insolência e de uma decisão refilona que excedeu todas as expectativas.
Ouve-se uma corneta tocar uma marcha de clarins e Mariana sentindo nas patas dos cavalos toda a alma do seu preferido foi qual pardalito engaiolado a correr até às grades da janela gritar desalmadamente plo seu Noel. Grita, assobia e rodopia e pia e rasga-se e magoa-se e cai de costas com um acidente, do que já previamente tinha avisado o público e o pano também cai e o espectador também cai da paciência abaixo e desata numa destas pateadas tão enormes e tão monumentais que todos os jornais de Lisboa no dia seguinte foram unânimes naquele êxito teatral do Dantas.
A única consolação que os espectadores decentes tiveram foi a certeza de que aquilo não era a soror Mariana Alcoforado mas sim uma merdariana-aldantascufurado que tinha cheliques e exageros sexuais.
Continue o senhor Dantas a escrever assim que há-de ganhar muito com o Alcufurado e há-de ver que ainda apanha uma estátua de prata por um ourives do Porto, e uma exposição das maquetes pró seu monumento erecto por subscrição nacional do "Século" a favor dos feridos da guerra, e a Praça de Camões mudada em Praça Dr. Júlio Dantas, e com festas da cidade p'los aniversários, e sabonetes em conta "Júlio Dantas" e pastas Dantas p'rós dentes, e graxa Dantas p'rás botas e Niveína Dantas, e comprimidos Dantas, e autoclismos Dantas e Dantas, Dantas, Dantas, Dantas... E limonadas Dantas- Magnésia.
E fique sabendo o Dantas que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que o autor de Os Lusíadas é o Dantas que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Camões.
E fique sabendo o Dantas que se todos fossem como eu, haveria tais munições de manguitos que levariam dois séculos a gastar.
Mas julgais que nisto se resume literatura portuguesa? Não Mil vezes não!
Temos, além disto o Chianca que já fez rimas prá Aljubarrota que deixou de ser a derrota dos Castelhanos pra ser a derrota do Chianca.
E as pinoquices de Vasco Mendonça Alves passadas no tempo da avózinha! E as infelicidades de Ramada Curto! E o talento insólito de Urbano Rodrigues! E as gaitadas do Brun! E as traduções só pra homem do ilustríssimos excelentíssimo senhor Mello Barreto! E o frei Matta Nunes Moxo! E a Inês Sifilítica do Faustino! E as imbecelidades do Sousa Costa! E mais pedantices do Dantas! E Alberto Sousa, o Dantas do desenho! E os jornalistas do Século e da Capital e do Notícias e do Paiz e do Dia e da Nação e da República e da Lucta e de todos, todos os jornais! E os actores de todos os teatros! E todos os pintores das Belas-Artes e todos os artistas de Portugal que eu não gosto. E os da Águia do Porto e os palermas de Coimbra! E a estupidez do Oldemiro César e o Dr. José de Figueiredo Amante do Museu e ah oh os Sousa Pinto hu hi e os burros de cacilhas e os menos do Alfredo Guisado! E (o) raquítico Albino Forjaz de Sampaio, crítico da Lucta a quem Fialho com imensa piada intrujou de que tinha talento! E todos os que são políticos e artistas! E as exposições anuais das Belas-Arte(s)! E todas as maquetas do Marquês de Pombal! E as de Camões em Paris; e os Vaz, os Estrela, os Lacerda, os Lucena, os Rosa, os Costa, os Almeida, os Camacho, os Cunha, os Carneiro, os Barros, os Silva, os Gomes, os velhos, os idiotas, os arranjistas, os impotentes, os celerados, os vendidos, os imbecis, os párias, os ascetas, os Lopes, os Peixotos, os Motta, os Godinho, os Teixeira, os Câmara, os diabo que os leve, os Constantino, os Tertuliano, os Grave, os Mântua, os Bahia, os Mendonça, os Brazão, os Matos, os Alves, os Albuquerques, os Sousas e todos os Dantas que houver por aí!!!!!!!!!
E as convicções urgentes do homem Cristo Pai e as convicções catitas do homem Cristo Filho!...
E os concertos do Blanch! E as estátuas ao leme, ao Eça e ao despertar e a tudo! E tudo o que seja arte em Portugal! E tudo! Tudo por causa do Dantas!
Morra o Dantas, morra! Pim!
Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mais atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!
Morra o Dantas, morra! Pim!

José de Almada Negreiros
Poeta d'Orpheu
Futurista E Tudo
1915

terça-feira, 19 de abril de 2011

terça-feira, 12 de abril de 2011

Obesidade

Obesidade...
Uma das maiores pragas do mundo moderno...  Hoje em dia até as crianças são obesas...
Correndo o risco de parecer mais velha que aquilo que sou (ou, pelo menos, me sinto) tenho de dizer, enquanto abano a cabeça em reprovação, "no meu tempo não era nada assim!".  Claro que gostávamos de comer porcarias mas, na altura, o pior que comiamos era um bolicao, a esporádica embalagem de cheetos ou uma fatia de pão barrada com tulicreme (ainda existe???) ou nucrema.  E nem pensar em comer isso todos os dias!!!  Os pais, ao contrário desta nova geração parental, recusavam ceder às nossas lágrimas e ao bater do pé, acusador, que dirigiamos na sua direcção.  "Não!" era "Não!" e não havia discussão!
Mas, na nossa sociedade, a palavra "Não" é, cada vez mais, uma raridade.  Tenho, quanto a isso, uma teoria! 
A minha geração (e a que veio um pouco antes e, também, a que veio a seguir) não aceita ouvir um "Não!" às suas aspirações...  Não aceitam um não quanto à compra da casa, ao crédito do cartão (que se quer ilimitado), às férias no estrangeiro e à quinzena no Algarve (que, nem com o endividamento em que estão, se recusam a abdicar)...  Sentem-se no direito a tudo e não aceitam "Não!" como resposta.  E, assim, perdem o controlo e a familiaridade com a palavra...  Tornou-se estranha...  Incompreensível...  E, assim sendo, não a podem partilhar e ensinar aos filhos!
E, nessa busca incessante pelo "El Dorado" do consumismo, derretem-se perante a mais pequena imagem dos EUA...  Afinal, é essa a terra dos sonhos, não é?  Aquele lugar mágico a que os sonhadores chegam às mãos cheias, "looking for the american dream".
E, partindo, precisamente, desta permissa, deixo aqui uma lista de verdadeiras "delícias" norte-americanas, para quem quiser apostar no crescente diâmetro "barrigal".  Tudo do bom!!!  Tudo frito!!!

  1. Deep fried s’mores Pop-Tart - deep fried chocolate, peanut butter and s’mores Pop-Tart, battered and served with chocolate syrup and whipped cream. - Huuuummmm, um frito de chocolate e manteiga de amendoim...  Delícia!  O quê?  Regado com calda de chocolate e com natas?  Ainda melhor!!!
  2. Fried beer – beer filled battered and fried pretzel pocket. - Cerveja frita???  Dentro de um Pretzel?  Boa!  Já podem vir ver a bola cá a casa...  Já tenho bebida e aperitivos!
  3. Deep fried frozen maragarita – margarita flavored funnel cake served in a salt rimmed glass - Bolo frito com sabor a margaritas?  Oh pá, vocês sabem como agradar a uma mulher!!!
  4. Fried chocolate – candy bar and cherry stuffed inside a brownie, dipped in chocolate cake batter and fried. Served with cherry sauce and chocolate whipped cream. - Ok...  Agora fiquei indecisa entre este e o primeiro (é o que acontece quando somos confrontados com petiscos gourmet)
  5. Fried lemonade – lemon flavored pastry baked and fried served with lemonade glaze. - Esta é uma excelente opção para o Verão que se aproxima!  Eu, pelo menos, acho que a acidez do limão é reconfortante em dias quentes...  Frito deve ser ainda melhor!  (adeus, "Bolas de Berlim" na praia, agora só dá "Fried Lemonade")
  6. Fernie’s fried club salad – 12″ spinach wrap filled with ham, chicken, lettuce and tomatoes – deep fried and topped with croutons and served on a stick. - Ainda alguém se lembra de quando comer saladas era saudável???  Aaahhhhhhh, sweet memories.
  7. Texas fried caviar – fried black eyed peas, served with “special sauce”. - Ok...  Caviar, caviar não será...  Mas quem quer ovas de peixe podendo comer feijão frade frito?
  8. Texas fried Frito pie – traditional Texas Frito pie, battered and deep fried - Este, para que não restem dúvidas, até é bilingue...  É "fried" e é "frito"

domingo, 10 de abril de 2011

as boas ideias nunca são aproveitadas...

Fui mãe à pouco tempo...  No dia 31 de Outubro, às 5 e 57 a tarde, para ser mais precisa (tão a ver a ligação ao nome do blog?).  E faço parte de um grupo de mamãs que tiveram os filhotes em Dezembro (o meu pipoca também era para nascer no último mês do ano, a dia 17, mas estava tão ansioso para conhecer a mamã que chegou 7 semanas antes).  Ora, nesse grupo, há muitas mamãs desempregadas que ou já o tavam na altura de engravidar ou, por estarem em situações precárias ou a recibos verdes, levaram um xuto ao anunciarem as respectivas gravidezes aos patrões.  Vai daí, e depois de ter visto este vídeo, tive uma ideia brilhante...  podiamos fazer disto negócio!!! Tipo linha de montagem! Punhamos um tapete rolante com uma secadora tipo lavagem de carros à ponta e era todo o dia nisto! Até era bom para as meninas que estão desempregadas... Ficávamos empresárias por conta própria... Até planeei a maneira de sermos mais produtivas:  a 1ª molha - tapete rolante - a 2ª põe champô - tapete rolante - a 3ª tira champô - tapete rolante - a 4ª ensaboa - tapete rolante - a 5ª tira o sabão - tapete rolante - secadora industrial!!!  E qual foi a resposta???  Nem uma se apercebeu do enorme potencial desta minha ideia...  Nem uma saltou de alegria perante um plano tão bom...  Depois queixem-se da crise e do desemprego...  As boas ideias nunca são aproveitadas neste País!...

sábado, 9 de abril de 2011

Amor é...

Amor é...

Guardar o esparguete à bolonhesa, acabado de fazer, no frigorífico porque a nossa cara metade diz que está cansado, quer dormir e não tem fome...  e, de seguida, ir fazer uma caneca de papa Cérelac porque ele decide que, afinal, não quer ir para a cama de estômago vazio.

                                                   Kim Casali

Ideologias: Como isto vai...

Ontem, eu e o "namorido", sentámo-nos em frente à televisão e acompanhámos, compenetrados, o congresso do PS, na RTPn...  Admito, não é o programa mais romântico para uma sexta à noite...  Mas não é a nossa vida sentimental que nos preocupa!
Sempre me interessei por política!
Minto!  Sempre dei valor ao poder que o voto de cada um pode ter na direcção política de um País!
Principalmente, sendo mulher, sempre tive presente que, até há bem pouco tempo, as minhas antepassadas não tiveram uma voz activa nessa direcção.  Acho que isso sempre me fez pensar que não posso, por mim e por elas, desperdiçar a voz que me foi dada.  Voto sempre!  Desde os meus 18 anos!  Sejam eleições, referendos,...  Sempre que somos chamados a dar a nossa opinião de cidadãos, lá vou eu...  de caneta em punho!
E, por isso, acho uma negligência não nos tentarmos informar sobre as bases em que se assentam cada um dos partidos e chegar-se ao local de voto para se por a cruz ao lado da cara que mais nos atrai ou dar o voto ao político cuja gravata tem o tom de azul que mais fala à nossa sensibilidade artística.
Mas, cada vez mais, encontro um problema...  Antigamente, ser-se de direita ou de esquerda dizia logo muito sobre as nossas ideologias.  Hoje em dia, pelo que vejo e ouço, sinto que essa divisão partidária e ideológica está extinta.  Os discursos dos principais partidos, de um espectro ao outro, são repetitivos, semelhantes e cruzam-se independentemente da cor de quem os profere.  Não é para admirar que o povo, cada vez mais, se refugie em shoppings nos dias de voto e prefira escolher entre a Zara e a Mango que entre o rosa-PS e a laranja-PSD.
Quando sabemos que PPC, líder do maior partido da oposição (que, até ver, era um partido de direita) começou as suas lides políticas nos meandros do PCP...  Que bloquistas e laranjinhas se unem na tarefa de fazer cair a rosa murcha...  Que as cassetes que se ouvem não se modernizam e tocam, ainda, as mesmas músicas gastas cuja letra, de tão repetida, deixou de ter valor...  Que as Portas azuis só se importam em abrir em proveito próprio...  Como podemos nós, que temos de tomar decisões no meio desta confusão, conseguir fazer algum sentido deste cocktail político que somos obrigados a beber?
Ontem foi dia de congresso do PS...  E, o que mais me assustou, ao assistir às promessas, críticas, ameaças políticas e plano de oferta que Sócrates debitou durante o seu discurso foi...  que o ex-PM até faz sentido quando fala assim...  Pior...  Quando lhes dão direito de antena e tempo suficiente para nos irem lavando a alma e o cérebro...  TODOS eles fazem sentido!  É isto a Política!!!  E, quem não souber de antemão qual o seu ideal, quais as suas simpatias partidárias, qual a sua linha política...  Só tem mesmo a cor da gravata para decidir em quem votar!